Wednesday, July 5, 2017

Review: O Jardim das Aflições

O Jardim das Aflições O Jardim das Aflições by Olavo de Carvalho
My rating: 4 of 5 stars

Um tour de force falho mas intereßante, provocativo e revelador das deficiências braſileiras, tanto em ſuas qualidades quanto em ſeus defeitos. Muitas boas percepções sobre o atual fim de civilização e ſuas raízes deſde Roma pagã, paßando pelo medievo e pela modernidade; mas profundamente prejudicado por uma cavalar ignorância hiſtórica, complicado por uma cataſtrófica credulidade nos poderes de ſociedades ſecretas e ſimilares, o que moſtra uma preocupante diſposição de buſcar explicações fáceis em vez de entender as correntes profundas de noßa civilização.

Parece-me que, em comum com quaſe todo o reſto do Braſil, eßas deficiências filoſóficas vêm de uma converſão pela metade: ateu tornado romaniſta, de Carvalho ainda continua buſcando uma ſabedoria mundana, ecumênica, comum a todas as grandes religiões, contra a decadência civilizacional, ſem perceber que o romaniſmo, uma forma de criſtopaganiſmo, faz parte da decadência da criſtandade, afaſtando-ſe da Palavra do Eſpírito Santo nas Eſcrituras & recuſando a Reforma — meſmo a magiſtral, que ſe dirá da radical.

Em comum com os ateus, a tremenda ingenuidade hiſtórica e cultural do autor chega às raias do abſurdo, não apenas atribuindo à maçonaria o motor da ſecularização — confundindo aßim um pequeno efeito com a cauſa profunda — como dando a um inexiſtente bloco rußo-chinês um protagoniſta que a catáſtrofe demográfica rußa nega inapelavelmente. Baſtava ter lido alguns artigos do David Paul ‘Spengler’ Goldman para ter-ſe inſtruído, em vez de ler maçons e rußos com manias de grandeza. Ißo remete a outro ſintoma de noßas deficiências: cavaleiro ſolitário, de Carvalho carece da comunidade de penſamento e crítica que caracteriza os judeus e criſtãos fiéis, e eſpecialmente os reformados, da civilização norte-européia (mundo angloßaxão & europeu), que agora eſtão conſeguindo começar a formar paulatinamente filhotes no mundo proteſtante africano, ſulamericano e aſiático, eſpecialmente coreano & chinês, com ſeu mirabolante projeto ‘De volta a Jeruſalém’.

O que realmente é ridículo é a falta de ſenſo de proporção na opinião que de Carvalho parece ter de ſi, até inſiſtindo em ſua crença na aſtrologia, e o culto à perſonalidade que fomenta entre ſeus ſeguidores, meſmo alguns reformados. Compreenſível dado que ele preenche uma lacuna no cenário braſileiro, mas triſte em que moſtra que não eſtão lendo os judeus, criſtãos & eſpecialmente reformados angloßaxões & europeus.

Ainda aßim intereßante, talvez até neceßário ao Braſil. Eſpero que ſirva de incentivo a que ſeus leitores buſquem Jean-Marc Berthoud, Rousas John Rushdoony, João Calvino, Pierre Viret & outros reformados cujos nomes agora me fogem.

View all my reviews

0 comments: